sexta-feira, 19 de junho de 2009

Alerta Para Corações Solitários



Lia teus versos
e achava que eram para mim.
Descrevias meu coração
com tanto esmero e emoção
que me levavas a crer
que para outra não podiam ser.

Mencionavas nas entrelinhas
a tua vida e a minha
e sempre ressaltavas
em cada estrofe que mandavas
o nosso amor
que era único e avassalador.

Quantas vezes, de tão emocionada,
ao te ler, eu chorava
lágrimas de alegria
tanto que, entre elas, eu sorria
de te imaginar tão distante de mim
e mesmo assim
em minha companhia.

Eu estava lá, colada em ti
de um jeito que podias repartir
todos os teus sentimentos
em breves momentos
gravando-os em linhas, parágrafos,
vírgulas e exclamações.

Meu Deus, foram muitas emoções
que de mim arrancaste
de forma tão doce
e sem que eu precisasse
te mostrar meu rosto, meu corpo
e o sabor da minha boca.

E aí, depois de tanto tempo
que contigo eu perdi
vim a descobrir
que eras um profissional das letras
um miserável ladrão de corações
um seqüestrador de ilusões.

Teus versos
já eram velhos
encarquilhados
escritos para outras do passado
e, depois, comigo usados
e não sucumbirão
por esse mar de ilusões
ainda navegarão.

Iludirão mil corações
que carentes como o meu
permitirão que eles ancorem
num porto solitário
escondido dentro de um peito
chamado calvário.

Autora Silvana Duboc

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