Amores Que Falam

Esses seus gestos amorosos de infinita ternura,
são ditados pela mesma energia que aproxima as almas
que se reconhecem pelo afecto à fonte...
Qual fonte dos amores de que falam
os poetas naquelas manhãs de esplendor
em que a inspiração os absorve,
por mais um dia de vida, na manifesta recriação
do melhor que pousa em nós.

Embalados por essa doçura,
as criações nascem
e no divisar dessa energia
que nos transporta para oceanos e jardins
duma beleza que só o coração sente,
calam-se as palavras e só o murmurio
do vento embalador se faz ouvir num sussurro.

O infinito amor parece calar
as vozes do desencanto
e através de uma pomba branca
o espírito de Deus se manifesta
mais uma vez em todo o seu esplendor.

Pousam nos meus lábios as rosas perfumadas
pelas caricias do nosso amor
que não conhece fronteiras,
nem o tempo dos homens.

A energia da graça pacifica
os tormentos das vidas passadas
neste caminho rumo á ascensão e,
mais uma vez em cada palavra
o canal pressente que fala só por amor,
agradece com uma lágrima
que adormece no seu coração
e que ao mesmo tempo o faz despertar
para mais uma lemembrança sua.

Os gritos do amor sofrido e silenciado
por tudo querer viver nesta vida,
para que todas as dores de sua alma possa pagar,
para gritar ao vento que passa
que só o amor incondicional o sustém
nesta viagem pela brancura de si próprio.

Eis que se confunde o corpo e a alma
neste paradoxo em que à duas vozes
a palavra amor é manifestada numa emoção
cada vez mais doce e leve.

A loucura de viver em estado de graça
por saber que a morte não existe,
que há diversos planos na mesma energia
que nos alimenta e que nos faz acordar
para aquilo que mais importa,
o regresso á casa do Pai.

Sei que nesta amálgama de sentimentos e emoções,
neste caleidoscópio das vidas passadas,
uma força permanece e me afaga a alma
neste perpétuo movimento em que
os infinitos se roçam e os planos se confundem.

Autor Carlos Morais