quarta-feira, 27 de maio de 2009

Poeta Tirano




Poeta tirano

Tens a alma de cigano

Danças no passo do tango

Todas as cruas mazelas da dor

Amas simplesmente o amor

No fundo não amas ninguém

Escreves as loucuras que na cabeça lhe vem

Dos versos és um refém

Sabes fingir muito bem

e enganar com galhardia a outrem

Vês a vida com como um jardim de flores

Brincas com as pétalas das cores

e a realidade que lhe convém

Poemas com sabor de mel

lambuzas nos guardanapos de papel

e os solta ao léu

para enfeitiçar alguém

Fantasias coloridas emoções

Causas tantas desilusões

provocas tantas paixões

não tem dó de ninguém

Sonhas com o erotismo da lua

Pensas em tê-la toda nua

e que ela é somente tua

pois é teu único bem

Gargalhas com a fria ironia

das insanas utopias

e dos amores que fizestes sofrer

Não sabes que nas esquinas do tempo

as tuas tiranias a vida não vai esquecer

que a tua taça de fel ainda vais beber

e com teu próprio veneno vais morrer!

Ai é que eu quero ver

as lágrimas deste poeta

como um terço de rezar

pelo seu rosto descer

e o seu estóico coração de dor gemer

Quem sabe enfim entender o que é

por amor padecer!

Autora Zena Maciel

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