quinta-feira, 16 de julho de 2009

Descaso




Sabe, a rotina dos dias muitas vezes nos tampam os olhos.
Se me perguntarem das flores em minha varanda, nem sei se floriram.
Aliás, nem sei quando foi a última vez que reguei, que podei,
se foi na época correta, se cuidei como deveria.
É, digo que tenho pouco tempo e passo rapidamente
pelas coisas que realmente encantam a vida.
É velho o dizer que só se dá valor quando se perde,
mas também é muito velho o ser humano repetir esse erro.

Minha orquídea morreu, só vi hoje.
Ficou no sol por semanas, depois tomou água adoidado
para compensar. Droga!
Eu gostava demais do jeito dela, da beleza roxa
que iluminava minhas manhãs.

Neste momento, estou revolvendo a terra
para tentar que ela renasça.

Talvez sim, talvez não.

Se renascer, não será jamais como a antiga.
Quem sabe ficará até mais bela, mas não será mais ela.
Estará com o estigma do S.O.S., dado depois do descaso.

Assim acontece com amigos.
Por vezes esqueci de molhar a alma deles,
por vezes dediquei-lhes a secura do agreste de meu coração,
em outras tantas encharquei-os com minhas lágrimas fora de hora.
Esqueci-me das deles.

Matei o amor por ausência ou por excesso.

Por mais que eu revolva nosso passado,
sei que dificilmente brotarão as mesmas flores.

Saudades da minha flor roxa original.

Autora Rosa Pena

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