segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Poder Ser Um Grito



Quem escreve não busca a resposta.
Porque o que segue lhe dará imenso prazer.
Unico e repetido entre cartas de amor
onde reescreve as suas emoções
e a dos outros que o procuram.

Não existe logro, há dádiva e acolhimento,
há uma energia que faz com que as palavras
que são ditas ao sabor da corrente,
caminhem para o mar do Universo.

Soltam-se as teclas e se confundem
diversos estados de ser.
Na descoberta da lenda pessoal
os aparentes reveses do caminho
parecem ocultar a luz que brilha
no fundo do túnel.
Mas não existe escuridão
quando a luz espreita.

Tem espreitado sempre.
Uns dirão que de loucura se trata,
de esquizofrenia não diagnosticada,
de demência ou insensatez leviana.

Outros respeitarão cada estado de ser,
cada identidade, cada testemunho
e não julgarão.
Outros abençoarão a lua e o sol
e dirão que é o amor que espreita
no emaranhado das sensações
e sentimentos que o percorrem.

Julgarão ainda outros tratar-se
de pura ostentação quando a ele
se refere na terceira poesia.
Não conhecem o sabor das palavras
que acontecem na sofreguidão dos afectos
e no vulcão dos elementos.
Só julgarão pela razão
e o catálogo fácil das doenças da mente
e do espírito surgirá logo a seguir.

Sabemos que o trigo e o joio
se confundem no eterno momento,
que vivemos uma era de conflitos e de depuração,
para que o Universo se funda em amor
por entre as ruinas das paixões.

Uma nova era jorrará e os eleitos
de agora dar-se-ão as mãos.
Pode ser loucura, pode ser solidão,
de um vazio a querer ser preenchido...
Pode ser um pedaço de vida...
Pode ser um grito...


Carlos Morais

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