quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Namoro Maduro



É uma coisa interessante que estamos assistindo
atualmente que, sem dúvida, é uma autentica revolução
de costumes, ou seja uma explosão de namoros maduros.

Até bem pouco tempo atrás,
era coisa que nem se cogitava sequer pensar.
As pessoas que enviuvavam ou se separavam
na terceira idade, geralmente se fechavam
em suas ostras, e viviam exclusivamente
para sua solidão e seus lares.

Não havia vida social, salvo aquelas reuniões familiares,
ou então passeios em companhia dos filhos ou netos.
Aliás, sempre eram consideradas as babás ideais
para os netos quando os pais queriam sair.

De repente, começaram a aparecer os Cecon,
ou seja, os Centro de Convivência visando reunir
o pessoal da terceira idade, organizando bailes,
passeios, viagens, trazendo nova vida para
essas pessoas antes destinadas à solidão.

Claro, nessas reuniões com esse pessoal
com muita sede de viver, e que estava re-descobrindo
que a vida vale a pena ser vivida, começaram a surgir
alguns romances. Bem à antiga. Tímidos.
Cheios de olhares e insinuações.
Casais que começavam a descobrir
que ainda estavam vivos. E principalmente,
re-descobriram o namoro... coisa mais linda...
começaram a aparecer casais de terceira, quarta
e quinta idades passeando romanticamente de mãos dadas,
vivendo novamente romances de sua juventude.

O amor certamente faz bem para a saúde.
Esses idosos rejuvenesceram. Muitos até mesmo
esqueceram certos achaques e, para desespero
de suas famílias, começaram a querer sair de casa,
para viver o romance ao lado de parceiros encontrados nos Cecon.

E são muitos os casais que deram certo.
Alguns foram morar juntos, reconstruindo seus lares.
Outros, contudo, preferem continuar mantendo
o clima de namoro. Cada qual em sua casa,
encontram-se com freqüência para namorar.
Namoro dos tempos modernos, com tudo
a que tem direito. Afinal, estão vivos.

Temos ainda outros namoros maduros.
Via Internet. Alguém solitário de um lado.
Alguém solitário de outro.
Descobrem-se via Internet, começam a "conversar".
Descobrem afinidades, começam a namorar.
São romances etéreos. Existem distâncias que podem
dificultar uma aproximação física.
Torna mais excitante a coisa. Trocam fotos.
Trocam confidências.

Como são pessoas vividas, com alguma bagagem,
não querem e nem podem agir com precipitação.
Qualquer compromisso, qualquer encontro deve
ser bem pensado e analisado.
Não se podem repetir erros anteriores.
E o namoro prossegue. Acariciam-se à distância.
Muitas vezes surge um clima tão romântico,
tão gostoso de ser vivido, que acaba se prolongando
indefinidamente. É tão bom sonhar...

É tão bom voltar àqueles tempos antigos
em que jovens suspiravam abraçadas às cartas de amor,
aos bilhetes recebidos de seus apaixonados.
Agora são os e-mails que produzem tais efeitos.

E as jovens de outrora são pessoas maduras,
que descobriram que ainda podem sentir aqueles
mesmos sentimentos, aquele mesmo calor interno.
E isso é muito bom.
Descobrir que estamos vivos, que o coração não morreu.
Que podemos amar novamente.
Que ainda sentimos aquelas mesmas
sensações de antigamente.
Que somos mesmo capazes de chorar de amor,
de sentir saudade, de sentir falta da pessoa desejada.
Enfim... que somos capazes de viver.

Estes tempos modernos trouxeram isso de muito bom.
Mostraram que ao contrário do que se pensava
antigamente, o amor, o carinho, o tesão não
morrem com a idade.

Na semana passada, um casal de amigos nossos
que estavam namorando já há alguns meses,
participaram aos amigos que iriam viver juntos,
e estavam montando um apartamento
com tudo novo para a mudança. A idade deles?
O noivo feliz tem 82 anos, e a noivinha radiante 78.
Conheceram-se num dos bailes do Cecon.
Pode haver história mais linda?
É comum encontrá-los romanticamente
de mãos dadas passeando nos jardins da praia.

Namoro maduro é assim.
Sério e efetivo. Não sei bem onde li que os romances
surgidos no outono da vida são os melhores,
porque são maduros, pensados, resolvidos
não no fogo da paixão jovem,
mas sim na calma da maturidade.

Marcial Salaverry

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