sábado, 16 de maio de 2009

A Valsa das Almas



Caía a noite

Um observador incauto diria que nada a distinguiria de outras noites, mas quem as percebe com a voz da emoção sente que há um mistério diferente, que as distingue e que as perfuma com um sabor, a doçura e o encanto que torna a vida sedutora e mágica.

Um caminhante apressado pela vida encurtou o seu passo, e eis que os seus olhos divisaram algo irreal na beleza bucólica daquela noite.

Um homem e uma mulher dançavam seminus, mordiscando as ondas que passavam a seus pés.
Aproximou o seu corpo para mergulhar melhor. naquela sedutora imagem, a alma leve deixou o corpo, e o coração quase parou pelo tamanho enlevo, pela cumplicidade silenciosa que unia aqueles dois num só.

Aquele quadro de vida acontecia mesmo defronte de seus olhos, e já não sabia o que dizer, a mente e o corpo estavam ausentes e o que ficava e transparecia eram os sons das almas apaixonadas, que se amavam sem quase se tocarem os corpos.

A vegetação circundante extasiada aceitou com um sorriso de pureza aquela manifestação divina. Pois aqueles dois mais pareciam anjos abraçados pelo mesmo ideal, harmonizados pela mesma vibração.

A natureza conspirava para que a magia nessa noite não conhecesse o sortilégio dos opostos, e até os pequenos animais falavam em surdina para que não se calasse aquele encanto.

O observador partia para outras aventuras e outras experiências, pois respirava outro estado de ser amor.
Aqueles dois tinham-lhe descerrado a porta e um novo infinito se descobria para que a magia de todas as noites e de todos os dias não termine nunca.

Aquela valsa harmoniosa, aqueles dois que se amavam mansa e apaixonadamente como só os paradoxos explicam.
Tinham permitido que aquele caminhante se encontrasse com a sua lenda pessoal.

Autor Carlos Morais

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